sábado, 16 de fevereiro de 2008

Black and White

O nascer do sol, que com tanta luminosidade que passa pela minha janela acorda-me sem que eu note, acordo numa manha depois de outro pesadelo, tenebroso e malévolo. Enquanto recupero os meus sentidos matinais uma lágrima é-me escorrida do meu olho direito vidrado, passa ao lado do meu nariz constipado e dormente, atravessando os meus lábios azuis e secos do frio, parando no meu queixo e e dando uma queda de panico e agonia até os lençois, o mesmo todas as manhãs...
Quem me dera que estes pesadelos desaparecessem. Enquanto tomo banho depois de acordar sinto como que a àgua que passa pelo meu corpo fraco fossem apenas lágrimas de medo, como bem as entendo.
Visto-me para ir às aulas, uma rotina demasiado repetitiva, e esgotante, como será no final? Saio de casa sem tomar o pequeno-almoço porque este sentimento não me abre o apetite. Enquanto caminho pelas ruas para ir apanhar o auto-carro, passo por muitas pessoas e muitas passa por mim... Como eu apenas queria que desaparecessem... Tantas vidas, todas com o mesmo destino. Na paragem do auto-carro, nem me dou ao trabalho para cumprimentar os meus colegas de turma que lá esperam por algo diferente do que eu ja prevejo, ignorando-as para que o meu desejo temporário de calma seja real.
Nas aulas, atenção é algo que não lhes consigo prestar hoje, demasiados pensamentos sobre o final do dia. Na hora de almoço a comida já não tem o mesmo sabor, não lhe consigo sentir.
Depois de almoço, sem qualquer vontade de ir às aulas da tarde, decido faltar, e ir logo para casa, para uns momentos de descanso e isolamento do resto do mundo.
São seis horas da tarde, é hora de ir ter com a minha namorada, mas não consigo dar-me de caras com ela, hoje não sou capaz. Envio-lhe uma mensagem a dizer que hoje não iria ser possivel encontrar-me com ela. No entanto, agasalho-me e saio de casa, para encontrar respostas às quais as perguntas mortifras me perseguem.
Por incrivel que pareça, ela não me ouviu e encontrou-me na rua, apenas me disse que queria estar comigo, eu não ignorei essas palavras carinhosas, beijei-a e virando-lhe as costas e ao mesmo tempo, uma lágrima a escorre-me normalmente pela cara, uma lágrima de sangue. Disse-lhe que hoje não poderia passar tempo com ela. Fui-me embora, ela pareceu ter voltado à sua casa.
Agora caminho sobre a ponte da minha bela cidade, como a adoro, Coimbra. Chego ao meio da ponte, e reparo que a hora da escuridão chegou ao meu lado, entre as duas costas, viro-me para o rio, em sentido da Figueira da Fóz...
Já sabia que iria ser hoje, o adeus. Por causas desconhecidas, apenas posso dizer que me sinto triste por a ter abandonado, mas ao mesmo tempo sinto-me feliz, o sofrimento acabou, O fardo desapareceu para sempre, os pesadelos nunca mais me surgirão, a dôr terminou...
Agora só há uma rua para eu seguir. Um novo Inicio, uma outra vida, apenas quando voltar, se for para não voltar a sofrer mais, eu caminharei mais uma vez as ruas que precorri, o mundo que nunca me reconheceu, a desistência dos humanos...